sábado, 24 de julho de 2010

A rua Direita e vizinhanças ( Othon Palace Hotel) - Crônicas da cidade plural


A rua Direita era área dos negros, nas noites de domingos e feriados.
Durante os dias de semana desenvolvia um comércio popular, nas Lojas Americanas, que varavam o quarteirão e tinha duas entradas, uma em cada rua.
Na esquina da praça do Patriarca, a Exposição, uma loja que proclamava:
“- Basta ser um rapaz direito para ter crédito na Exposição”.
Em outra esquina da mesma praça, desta vez com a rua São Bento, ficava a Casa Fretin, com seu minúsculo elevador de portas pantográficas.
Vendia óculos, próteses, e fundas para hérnias, entre outros estranhos artigos.
Na praça do Patriarca, a Casa São Nicolau onde, no Natal, eu esfregava o nariz nas vitrines, correndo de uma ilusão para outra, feita brinquedo...
Mais adiante, na São Bento, a Botica Ao Veado de Ouro, cuja principal atração era a escultura dourada de um veado.
Aviavam as receitas dos médicos antigos, daqueles que não gostavam de prescrever remédios industrializados, que se compravam prontos nas farmácias.
Na Libero Badaró, também esquina com a praça do Patriarca, o novo hotel Othon, onde os novos casais passavam a noite da lua de mel.
Aliás, um jovem casal amigo ocupou um dos quartos do hotel, na sua primeira noite.
A noivinha, nervosa - época em que as noivinhas ficavam nervosas - ao usar o banheiro, notou a falta do papel higiênico.
Usou o telefone para reclamar com a portaria:
- Por favor, meu banheiro não está completo!
Três minutos depois bateram à porta.
Um rapaz uniformizado trazendo... um secador de cabelos!

Larry Coutinho ( foto e texto)

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