A manhã de sábado surge repleta de luminosidade.
Descendo do metrô, chego rapidamente à praça da Liberdade.
Uma bela feirinha japonesa desvia minha atenção por muito tempo.
Depois enfrento um quarteirão pela rua dos Estudantes, em busca do beco dos Aflitos.
Quero fotografar a Capela.
O beco está cheio de automóveis estacionados.
Milagrosamente alguns motoristas manobram e deixam a fachada da Capela livre para as minhas fotografias.
Naquele quarteirão ficava o Cemitério dos Aflitos.
O Cemitério dos Aflitos, criado em 1774 e destinado aos pobres, condenados, indigentes e os não-católicos.
Ocupava uma parte do que seria o bairro da Liberdade, anos depois.
A Capela dos Aflitos, que estou fotografando, foi edificada dentro do Cemitério, em 1779, inaugurada em 27 de junho.
Com a construção do Cemitério da Consolação em 1858, fecharam o Cemitério dos Aflitos.
Entretanto, os poucos registros de transferência de ossadas permitem imaginar que muitas delas ainda permanecem enterradas no local.
Debaixo dos alicerces das casas e dos edifícios, construções erguidas sobre o terreno loteado.
Dizem que nas madrugadas as ruas no entorno do local do antigo cemitério são assombradas pelos espíritos dos que ali foram enterrados.
A Capela dos Aflitos permanece em pé.
No beco dos Aflitos, número 70.
Travessa da rua dos Estudantes, 52.
Ainda rezam missas às segundas feiras, 15h00.
Reza do terço às 13h30.
Termino as fotos e vou saindo, olhado com certa apreensão por umas trinta ou quarenta pessoas sentadas nas soleiras das portas, e desconfiando de uns tipos esquisitos que olham para meu equipamento tão caro!
Certamente não agrado.
Vou saindo de fininho.
Uma última olhada e um detalhe na arquitetura da capela chama minha atenção.
Preparo a câmara fotográfica e volto.
Não percebo uma valeta cavada no cimento da calçada.
O pé falseia e despenco sobre o chão duro, espalhando todo o conteúdo da minha maleta de fotógrafo, que está aberta.
Alguns correm em meu socorro.
Sou levantado, escovado, paparicado...
Os tipos esquisitos aproximam-se e ajudam a procurar os caros assessórios.
Devolvem-me todos eles.
Finalmente, um garotinho magro, olhos encovados, aproxima-se com três tiquetes de metrô:
- O senhor deixou cair...
Uma moça magrinha, funcionária de uma loja da região, preocupa-se:
- Tem certeza de que está bem?
- Estou.
- O que o senhor está fazendo?
- Colhendo material para um Blogue. Dizem que este quarteirão era parte de um cemitério e aquela capela ficava no centro...
- É verdade. Quando construíram este prédio onde eu trabalho e encontraram caixões e ossadas...
- Você ouviu falar dos fantasmas..?.
- Nunca vi, mas conheço muita gente que viu ... saindo tarde da noite do trabalho ...
- Dizem que tem missa no fim da tarde das segundas feiras ali na capela...
-Tem. Eu não vou, porque sou evangélica...
Vou saindo do beco.
Palavras de “estimo melhoras”, “não se machucou?”, “volte para a missa!” vão atapetando de rosas aromáticas o meu caminho.
Beco dos Aflitos!
Descendo do metrô, chego rapidamente à praça da Liberdade.
Uma bela feirinha japonesa desvia minha atenção por muito tempo.
Depois enfrento um quarteirão pela rua dos Estudantes, em busca do beco dos Aflitos.
Quero fotografar a Capela.
O beco está cheio de automóveis estacionados.
Milagrosamente alguns motoristas manobram e deixam a fachada da Capela livre para as minhas fotografias.
Naquele quarteirão ficava o Cemitério dos Aflitos.
O Cemitério dos Aflitos, criado em 1774 e destinado aos pobres, condenados, indigentes e os não-católicos.
Ocupava uma parte do que seria o bairro da Liberdade, anos depois.
A Capela dos Aflitos, que estou fotografando, foi edificada dentro do Cemitério, em 1779, inaugurada em 27 de junho.
Com a construção do Cemitério da Consolação em 1858, fecharam o Cemitério dos Aflitos.
Entretanto, os poucos registros de transferência de ossadas permitem imaginar que muitas delas ainda permanecem enterradas no local.
Debaixo dos alicerces das casas e dos edifícios, construções erguidas sobre o terreno loteado.
Dizem que nas madrugadas as ruas no entorno do local do antigo cemitério são assombradas pelos espíritos dos que ali foram enterrados.
A Capela dos Aflitos permanece em pé.
No beco dos Aflitos, número 70.
Travessa da rua dos Estudantes, 52.
Ainda rezam missas às segundas feiras, 15h00.
Reza do terço às 13h30.
Termino as fotos e vou saindo, olhado com certa apreensão por umas trinta ou quarenta pessoas sentadas nas soleiras das portas, e desconfiando de uns tipos esquisitos que olham para meu equipamento tão caro!
Certamente não agrado.
Vou saindo de fininho.
Uma última olhada e um detalhe na arquitetura da capela chama minha atenção.
Preparo a câmara fotográfica e volto.
Não percebo uma valeta cavada no cimento da calçada.
O pé falseia e despenco sobre o chão duro, espalhando todo o conteúdo da minha maleta de fotógrafo, que está aberta.
Alguns correm em meu socorro.
Sou levantado, escovado, paparicado...
Os tipos esquisitos aproximam-se e ajudam a procurar os caros assessórios.
Devolvem-me todos eles.
Finalmente, um garotinho magro, olhos encovados, aproxima-se com três tiquetes de metrô:
- O senhor deixou cair...
Uma moça magrinha, funcionária de uma loja da região, preocupa-se:
- Tem certeza de que está bem?
- Estou.
- O que o senhor está fazendo?
- Colhendo material para um Blogue. Dizem que este quarteirão era parte de um cemitério e aquela capela ficava no centro...
- É verdade. Quando construíram este prédio onde eu trabalho e encontraram caixões e ossadas...
- Você ouviu falar dos fantasmas..?.
- Nunca vi, mas conheço muita gente que viu ... saindo tarde da noite do trabalho ...
- Dizem que tem missa no fim da tarde das segundas feiras ali na capela...
-Tem. Eu não vou, porque sou evangélica...
Vou saindo do beco.
Palavras de “estimo melhoras”, “não se machucou?”, “volte para a missa!” vão atapetando de rosas aromáticas o meu caminho.
Beco dos Aflitos!
Larry Coutinho ( foto e texto)
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