domingo, 4 de julho de 2010

Maison Blanche - Crônicas da Cidade Plural


Para mim era coisa de Curitiba.
Final da década de 30.
Minha mãe, algumas semanas depois de cada parto, esgotada a dieta, vestia-se com aprumo e dizia:
- Vamos à Maison Blanche!
Voltavamos carregados com muitos pacotes.
Sapatinhos de lã, casaquinhos, cueiros, mantas, fraldas de pano....
Eis que a Maison Blanche de Curitiba rompe com as brumas do passado e recebe contornos firmes na cronica de Julio Militão, onde Paulo Leninski é abundantemente citado:
“Aos domingos, faceiros, no terninho de marinheiro da Maison Blanche, iam à matinada do Cine Ópera para ver Tom e Jerry.”
Evidentemente bem depois dos anos 30, porém ainda no século passado.
“As meninas, gabolas, enfeitadas em suas saias godê, da Ioclena, e bluzinhas da Mazer, uma loja infantil ao lado da Goud, na Rua dos Turcos.”
“A Maison Blanche era de de meninos. A Ioclena e a Mazer, de meninas.”
Anos depois e para minha surpresa, vejo na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo, quase na esquina dos viadutos, calçada esquerda de quem desce para a cidade, uns dez ou doze metros de vitrines exibindo sapatinhos de lã, casaquinhos, cueiros, mantas, fraldas de pano.... - brancos, cor-de-rosa, azuis, verdes claro ... roupas de cama sob medida ...
E o nome da loja: Maison Blanche.
O mesmo aspecto despojado e ar de honestidade da loja de Curitiba.
Duas vitrines ladeando a entrada e uma faixa negra na testada, com o nome em letras brancas: Maison Blanche.
Embora a denominação e a organização visual sejam idênticas às de Curitiba, o negócio e os proprietários são outros.
Ainda está lá, para quem desejar conferir.
Procuro um pouco mais e encontro uma citação em Regina Horta Duarte, na obra Pássaros e Cientistas do Brasil. Em busca de proteção. 1894-1938”:
“Em 1908 a refinada loja da cidade do Rio de Janeiro, a Maison Blanche anunciou na revista Fon Fon, oferecendo os mais belos chapéus...”
Fotografo a Maison Blanche de São Paulo, tentando conseguir uma prova material da minha impressão onírica de menino pequeno.
É isso.


Larry Coutinho ( foto e texto)

Nenhum comentário:

Postar um comentário