quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O estranho sortilégio da dama em vermelho e branco - Crônicas da cidade plural.

Embora a maioria das mulheres já tenha superado a fase da provocação amorosa ativa para receber de troco e passivamente a conquista, dominação, escravidão mental e morte, periodicamente renasce a dama de vermelho, redescoberta pela literatura, pelo cinema, pelo teatro, pelos compositores, cantores e também pela população em geral.
Porém, o que significa a dama em vermelho?
“I’ve never seen you looking so lovely as you did tonight (...)”
Assim começa a canção “The lady in red” de Chris De Burg, gravada em 1986.
Nada de novo, pois dois anos antes Stevie Wonder havia abiscoitado o Oscar da canção com “I just called to say I love you” (“Eu só telefonei para dizer que te amo”).
Telefonado para quem? Exatamente para a dama de vermelho. Na comédia cinematográfica “The woman in red”, de Gene Wilder, onde Stevie Wonder dividiu a responsabilidade da apresentar a trilha sonora com a cantora Dionne Warwick.
Algumas vezes juntos, outras vezes separados.
Na canção com o título do filme, Stevie Wonder traçou o efeito fantástico que pode causar a mulher em vermelho (vou traduzir dois versos, para maior conforto do leitor):
“A mulher em vermelho/ como um vinho fino ela sobe para minha cabeça (...)”.
Como já sabemos dois anos depois Chris de Burg também observou o efeito provocado na mente dos homens pela dama em vermelho:
“Eu nunca tinha visto você tão bela quanto nesta noite/Eu nunca te vi brilhar tanto/ Eu nunca tinha visto tantos homens te convidando para dançar/ Eles estão procurando um pouco de romance/Dê a eles uma chance(...)”
Ainda assim, nada de novo, pois descobri um filme de 1935 (desenho animado) chamado “The Lady in red”, contendo canção com o mesmo nome, de Allie Wrubel com letra de Mort Dixon. E ainda um filme de Lewis Teague, de 1979.
E uma canção gravada por Xavier Cugat “The lady in red”.
Numa rápida olhada em minha discoteca encontrei álbuns contendo versão nacional da “Dama em Vermelho”, cantada por Bruno e Marrone, Milionário e José Rico, Waldick Soriano, Duduca e Djavan. Gravações onde o sertanejo e o brega se encontram abrigados pelo sortilégio da mulher em vestido vermelho.
Estranha obsessão, e ainda nada de novo.
Porém desta vez o salto territorial e temporal será gigantesco.
Vamos para a Península Ibérica e para a Provence, lá por volta do século doze.
Pincei alguns versos de Guillaume de Machault e, surpreendentemente, lá estava ela: a mulher vermelha e branca.
A poesia provençal (francesa) serviu igualmente às artes peninsulares de Espanha e Portugal e nela uma idéia que estrutura e compõe a mais antiga canção portuguesa conhecida pertenceu durante séculos ao vocabulário do amor, ligado à mulher e à natureza.
O original provençal, o rondeau composto por Guillaume de Machault para sua amada, dizia:

“Blanche con Lys, plus que rose vermeille”.

Aplicada por Paio Soares de Taveiro (1189) a mesma relação do branco-vermelho faz parte da mais antiga canção portuguesa conhecida, que iniciou em Portugal uma série de temas consagrados à mulher branco-vermelha.
Nela, o poeta dirigiu-se à amante do rei D. Sancho I:

“Mia senhor branca e vermelha”...

Paio Soares de Taveirós não economizou tons brancos e vermelhos.
Reproduzimos a segunda estrofe pois há um encadeamento entre dois versos, ocorrido entre o terceiro e o quarto da primeira estrofe e e o quinto e sexto da segunda estrofe.
Ambos os encadeamentos referem-se à vestimenta.
No primeiro caso, à saia, e no segundo, à guarvaia, vestuário da corte, de luxo, provavelmente escarlate, ou vermelho.

Cantiga de amor

“No mundo non me sei parelha,
mentre me for como me vai,
ca já moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha
queredes que vos retraia
Quando vos eu vi en saia!
Mau dia me levantei,
que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, dês aquel dia, ài!,
me foi a mi mui mal,
e vós filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d’haver que por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós houve nen hei
valia d’ua correa.”

( Cancioneiro da Ajuda. Vol. I, p. 82, cantiga 38)

Ver em saia, com uma nesga do tornozelo à mostra!
Enlouquecedora visão cujos efeitos criaram, provavelmente, o cuplê, canção acanalhada que vicejou na Espanha e em outras partes da Europa.
Quem desejar saber mais sobre o cuplê pode encontrar vasta ilustração no filme “O último tango”, onde a excepcional cantora Sarita Montiel ajuda a contar a história de uma cantora cupletista.
Apresentava-se em vestido longo, fendido do lado esquerdo do tornozelo ao alto da coxa. Movimentando-se economicamente no palco, cada mínimo deslocamento da cupletista provocava incrível reação da platéia
Plateia enfrentada por auxiliares ocultos pelas cortinas, os quais manejavam longas e pesadas varas a surrar os braços mais afoitos daqueles que invadiam o palco.
Porém retornemos ao século doze.
Eis que Paio de Taveiros utilizou as expressões “branca e vermelha” para significar, provavelmente, pele alva e faces rosadas.
Entretanto também cabem outros sentidos àquelas palavras.
O verso (branca e vermelha) pertenceu, então, à poesia da corte e por ali permaneceu até que, quase esgotada a fórmula, passou a se usar com mais freqüência na poesia popular, onde conseguiu longa sobre vida.
Gil Vicente serviu-se da frase numa canção:

“Donde vindes, filha branca e colorida?”

A mulher branco-vermelha entrou na maior parte das línguas que faziam poesia.
A formula podia variar, entretanto havia também a idéia principal, de comparação da mulher amada (branca) com a rosa (vermelha), o com as maçãs (também vermelhas), competições estas que ninguém vencia, pois todas, maçãs, rosas e mulheres eram belas e incomparáveis, e essa relação permaneceu.
Assim, entre os gregos, Anacreonte chamou a uma bela rapariga “calçada de muitas cores” e Alceu chama ao pato “que tem pescoço de muitas cores”.
E Safo comparou a sua amada com “Aurora com dedos cor de rosa” ou diz “Luas com dedos cor de rosa”.
Para os gregos, o símbolo do amor não eram as rosas vermelhas: era a maçã - ou ainda o marmelo.
Safo comparou a rapariga solteira à maçã colocada no topo da macieira e que se esqueceram de colher.
Estesícoro nos contou como apareceram maçãs na festa de núpcias de Helena e Menelau; Ibico imaginou um pomar ideal da virgindade onde cresciam e floresciam os marmeleiros; Platão escreveu dois epigramas em que a maçã é o símbolo da efêmera virgindade.
Efêmera virgindade, pois ela deve ser necessariamente provisória...
Sendo a virgindade, a mulher e o amor supremas delícias da vida, quando comparadas às rosas, ao marmelo e às maçãs, como que transferiam aos frutos e à natureza a mesma idéia de excelência. E vice-versa.
Os modernos botânicos, por razões puramente técnicas ( a semelhança entre as flores), colocaram as rosas, as maçãs, as cerejas, as pêras, as ameixas e as amoras como pertencentes à mesma família das rosáceas.
Frutas e flores vermelhas, naturalmente com a exceção das cerejas negras, que quando vermelhas estão verdes!
É bem verdade que as rosas vermelhas também passaram a simbolizar o segredo, além da paixão..
Entalhes nas madeiras dos confessionários cristãos reproduzem lindas rosas, significando que o segredo confessional estará bem guardado.
As prostitutas de Bruxelas mantinham, nas mesas de cabeceiras, botões de rosa vermelha, indicando aos clientes que todos os segredos da relação estariam igualmente em boas mãos.
E existiam também as maçãs de ouro.
Poetas ingleses revelaram a crença de que a maçã de ouro oferecida a Juno por ocasião do seu matrimonio, era uma laranja e, dai, começou-se a associá-la ao casamento dentre as nações civilizadas.
As laranjas foram introduzidas na China pelos portugueses, em 1547, e de lá para cá, as frutas são distribuídas entre os convidados de um casamento como símbolo da felicidade.
Eis novamente a relação entre sexo e natureza: a primeira noite da noiva abençoada pelas laranjas.
E o costume, levado à Europa pelos cruzados, de enfeitar a noiva com flores de laranjeiras.
E, em algumas grinaldas que a noiva trazia, havia as palavras: “Sê fecunda como a laranjeira”.
Socialmente, a virgindade perdida entre as flores de laranjeiras difere profundamente e carregam outros significados, opostos às virgindades roubadas sobre os verdes pinhos das canções medievais ibéricas.
Entretanto o culto às maçãs não foi privilégio grego.
O português Gil Vicente colocou num dos seus versos o canto de uma jovem dirigido ao amado que conta como ele lhe manda maçãs de ouro:

“Um amigo que eu havia
mançanas d’ouro m’envia. Garrido amor!”

A segunda estrofe repete a primeira, porém a terceira traz algo de novo:

“Mançanas d’ouro m’envia:
a milhor era partida.
Garrido amor!”

A melhor das maçãs estava partida!
Indicava que a resistência da amada tinha sido vencida.
Lembrando Platão, para quem a maçã é o símbolo efêmero da virgindade, então os versos de Gil Vicente passaram a dizer mais do que apareceu à primeira vista: “a milhor era partida.”
Assim sendo, não só o amor imaginado, mas também o amor físico ligou-se à natureza, indissoluvelmente.
A canção medieval portuguesa não teve escrúpulos em falar da perda da virgindade de uma mulher.
Simbolizou-a pela perda de um anel.
Se a perda estiver ligada à floresta, ou ao pinheiral, tanto melhor. A bondade e a poesia que emanam dos bosques suavizam o momento único.
O poeta Pero Gonçalves de Portocarreiro escreveu uma canção sobre o assunto:

“O anel do meu amigo
Perdi-o so-lo verde piõ,
E chor’eu bela”

E na terceira estrofe a mulher lamentou a perda:

“Perdi-o so-lo verde piõ,
Por en chor’eu dona virgo,
E chor’eu bela”.

Encontramos no Brasil, em pleno século vinte e um, certa trova popular que assim começava:

“Perdi meu anel de prata...”

Eu utilizei o verso popular como inspiração para uma trova que apresentei em certa ocasião. A estrofe resultante foi bastante festejada. Não sei se tomada pelo seu sentido mais culto e avoengo:

“Perdi omeu anel de prata
Sobre a relva do jardim.
Agora o amor me mata
Ou matam o amor por mim”.

A perda da virgindade não era assunto apenas das solteiras. Referia-se do mesmo modo às casadas.
No Portugal medieval muita lamentação foi escritas sobre a despedida da moça da sua virgindade.
E também na Grécia.
Safo escreve uma canção para duas vozes.
A feminina, da noiva, e a de um cantor que faz o papel da virgindade:

“A noiva: Ó virgindade, ó virgindade, para onde fugiste e me deixaste?”
“A virgindade: Nunca mais voltarei. Nunca mais voltarei a estar contigo”.

Assim sendo, é natural que muitos católicos que convivem conosco em nosso tempo, atribuam a expulsão de Adão e Eva do Paraiso, pelo irado Senhor, ao consumo do pomo de ouro, fruto da árvore proibida, por simplificação e simbolismo, a maçã. Eis ai, novamente, a mulher branco-vermelha já num outro contexto.
Este contraponto entre natureza versus libertação sexual remete e reforça a relação medieval da mulher branco-vermelha, mulher e rosa, fêmea e natureza.
Relação aparentemente complementar mas que pode, como veremos, significar visão dual do universo, dividido não só mas também pelos indígenas brasileiros em duas metades, cada uma delas congregando forças opostas.
Entretanto pode uma cor despertar sentimentos por ela mesma?
Ocorre-me o exemplo da bandeira do Japão: o círculo vermelho sobre campo branco.
O círculo traçado sobre o branco nada mais é do que uma forma denotadora dela mesmo. Entretanto, pintado de vermelho, conotava durante a segunda guerra mundial sentimentos conflitantes embora complementares, provocados pelo círculo vermelho em campo branco. Nos japoneses a idéia de orgulho nacional. Porém, para os norte-americanos que perderam seus filhos em capo de batalha, conotava provavelmente ódio profundo
Vejamos outro aspecto da cor: uma pequenina mancha vermelha sobre o branco lençol.
Dos poetas modernos, lembramos Bertold Brecht, no “Salmo na Primavera”:

“Agora estou à espreita do Verão, rapazes.
Compramos rum e colocamos cordas novas no violão.
Camisas brancas ainda precisam ser arranjadas.
Nossos membros crescem como a grama em junho
E em meados de agosto desaparecem as virgens.
Nessa época o prazer aumenta desmedidamente.
A cada dia o céu se enche de um brilho suave, e suas noites roubam o sono”.

Antes de conhecer o poema de Brecht, compus, no final do último verão, uma versão tropical do “Salmo”, um dístico ao qual dei o nome de “Primeiro Canto de Verão”:

“Por onde andarão, em fevereiro,
Todas aquelas virgens de janeiro?”


A mulher vermelha não é apenas rosas e maçãs e sua virtude não se resume à defesa imposta pela virgindade.
Há nos conceitos branco e vermelho, a idéia da acessibilidade opondo-se à da impossibilidade amorosa, pois em certos períodos do mês a mulher branca torna-se, literalmente, vermelha, e segundo alguns, impedida para o amor físico.
Acessibilidade ou antinomia?
Ainda aqui, nada de novo.
Distantes da elevação natural da cultura européia, e não contaminados ainda pelas idéias daquele continente, indígenas sul-americanos, especialmente os brasileiros, revelaram aos estudiosos a posição histórico-cultural da organização dual de suas sociedades, cujos aspectos ideológicos das dicotomias e os pares antagônicos se apresentavam em traços firmes.
O sol e a lua, o dia e a noite, as cores vermelhas e pretas (corantes naturais retirados das plantas chamadas urucum e jenipapo).
Algumas tribos relacionavam o sol com o leste e a lua com o oeste, outras, o sol e a lua se ligavam com o sul e o norte e, a partir dai, contrastava aqueles pontos cardeais, o norte literalmente contra o sul.
Surgiram então os conflitos tipo seco-molhado ou o branco-vermelho dos Mundurukú.
Talvez a mesma relação branco-vermelha dos trovadores medievais, um macrocosmo presente não só nas relações homem-mulher - opostas e complementares.
Trata-se, na verdade, de antinomias, contradições entre princípios e leis no que diz respeito à imagem do mundo, que levavam naturalmente às organizações duais de certas sociedades.
A polaridade “masculino-feminino” surgiu no testemunho de Garcilaso de La Vega, ao tratar de Cusco, capital do império inca, quando afirmou que as divisões da cidade em duas metades - Hanan e Hurinsaya, servia para delimitar duas unidades exógamas.
Era uma cidade alta, com um rei, e uma cidade baixa, com uma rainha, cada qual com o seu séqüito.
Os próprios conceitos de alto e baixo se afastavam e se inter penetravam, numa espécie de jogo primitivo, um dualismo filosófico, bem exemplificado pelos conceitos de céu-inferno, bem-mal, bom-mau, ou branco-vermelho.
Entretanto as dualidades vão além de conceitos tão simples quanto os citados.
Certa aldeia de índios aimaras era dividida em duas metades, exógamas, chamadas de Aran-saya (norte) e Wanan-saya (sul).
Tratava-se de algo muito diferente das separações geográficas.
Eram oposições tanto quanto bem-e-mal.
Cada parte da aldeia possuía sua própria cultura, adorava deuses diversos e congregava populações de origens dispares.
Assim sendo é difícil admitir-se que as preferências modernas por certos times de futebol estejam em razão direta da habilidade de seus jogadores.
A dualidade Palmeiras-Corintians vai além, como cada um de nós poderá compreender se refletir com mais vagar sobre o assunto.
As recentes eleições presidenciais no Brasil mostraram a profundidade da separação entre as duas metades do país, no caso e ironicamente, branco-vermelho.
A idéia de que todos os casamentos eram endógamos quando os indivíduos se casavam sempre dentro de sua classe ou casta em uma mesma aldeia costuma empalidecer diante de certos conceitos bem claros nas organizações duais das tribos de caçadores-lavradores.
O homem é sempre o caçador e lavradora a mulher.
O casamento (exógamo, quando o individuo se casa com membros de outras aldeias, classes ou clãs) entre os dois costuma reforçar a idéia dualística do mundo.
Uma dualidade que os Mundurukú, mestres em dicotomias tipo sol-lua, direita-esquerda, sul-norte, e pakpekàne (vermelhos) - ririt’àne (branco) determinam não só as metades exógamas, mas também o dualismo das cores, presentes nos poemas medievais europeus, nos quais, a relação branco-vermelha passou num salto do vocabulário amoroso para o piedoso terreno religioso.
O mesmo Gil Vicente serviu-se das duas palavras para dirigir-se à Virgem Mãe:

“Branca estais e colorada,
Virgem sagrada!”

As frases tomaram forma mística e adquiriram nova importância, na relação agora religiosa com a natureza.
Elas encheram a poesia, porque toda ela é em louvor da Virgem, considerada roseira, cuja rosa, Cristo, dela brota.
A Rosa Mística.
Então, e só então, o poeta italiano ainda medieval, Jacopone de Todi, mostrou o seu toque de gênio quando relacionou inovadoramente as cores branca-vermelha em “La Crocifissione”, em que a Virgem chora o Filho e lhe diz:

“Figlio bianco e vermiglio
Figlio senza simiglio...”

As palavras bianco e vermiglio adquiriram aqui novo significado trágico, por se referirem ao corpo morto e branco e às chagas vermelhas de sangue.
Então, a dualidade branco-vermelha confundiu-se com as noções de ser-e-não ser, adquirindo significação universal e fixando as únicas dicotomias verdadeiras e definitivas: vida-e-morte!
Dualidade que obriga a diferentes tomadas de posição pessoal quando o indivíduo de determinada sociedade se vê diante de cada uma delas, separadamente.
Momentos em que a literatura e o mito assumem os seus verdadeiros destinos, e o logos (razão) retira-se prudentemente diante do mistério.
Será que consegui ligação literária entre o sortilégio da mulher vermelho-branca, o sexo, a natureza, o sagrado, e o universo masculino, como era meu objetivo inicial?
De qualquer maneira, observando há mais de cinqüenta anos jamais vi qualquer mulher vestindo vermelho e branco. E tenho percebido pelo ouvi-dizer que tais recursos cromáticos aplicados às vestimentas femininas vêm rareando através dos séculos.
Alguém pode me dizer qual foi a última dama em vermelho com quem conversou e conservou na memória, onde ela certamente ainda estaria, pois como lembrou o Stevie Wonder: “A mulher em vermelho/ como um vinho fino ela sobe para minha cabeça (...)”?
Acho que a dama em vermelho ajudou a fixar e ao mesmo tempo procurou aproximar, desafiadoramente, dois universos diferentes: o masculino e o feminino.
Talvez ao mostrar, metaforicamente: - Eu, mulher, estou aqui, em todo o meu esplendor! Venha para cá, se conseguir!
Quanto ao vestido vermelho aplicado à política é uma outra história que fica para depois.
Também estou tentando reunir idéias e fatos sobre os sapatos de saltos finos e altíssimos, as meias de seda, as mini-saias, principalmente quando esses elementos se juntam numa mesma perspectiva agressiva.
Ufa!



Larry Coutinho

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