quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Jamaica no verão de São Paulo - Crônicas da cidade plural.

Sou fã incondicional da música jamaicana.
Pode parecer estranho aos olhos de alguns alienígenas esta declaração de amor ao reggae, ao mento, ao calipso, e principalmente, ao ska.
Mormente quando quem a faz é um senhor de setenta e seis anos, que deveria estar preocupado com outros cometimentos mais compatíveis com a sua idade.
Porém nesta cidade de São Paulo que acolhe a todos, com a mesma empatia, o ska andou colecionando adeptos durante anos seguidos e faz parte da cultura paulista tanto quanto a marcha sambada do Geraldo Filme, o samba sincopado do Germano Matias, ou o samba italo-caipira-escachado do Adoniran, que também coleciono em meus amores mais secretos.
Além disso o ska está na raiz de muitos temas do Paralamas do Sucesso (exemplo: Meu Erro - Herbert Viana), do Ultraje a Rigor, dos Titãs, do Kid Abelha, Capital Inicial, Engenheiros do Hawai, Legião Urbana, e pasmem, do pioneiro querido Renato e seus Blues Caps (Sham & Scandal –uma faixa dos discos que ganhei do meu neto Thiago), e permanece vivo nas apresentações do Móveis Coloniais de Acaju.
Falando nisso, por andará o Madame Machado?


Data de 1720 o tema do primeiro registro musical que consegui obter referente à grande ilha da Jamaica.
Quando a chalupa William, do pirata Jack “Chita” Rackham foi capturada.
No momento da captura, somente dois piratas resistiram à prisão: Bonny e Read.
Eram duas mulheres.
A primeira era Anne Bonny, e a segunda, Mary Read, que foi criada como menino para poder reclamar sua herança, pois na ocasião as mulheres não eram herdeiras legais de ninguém.
Read serviu na marinha antes de ser capturada por piratas a bordo de um navio mercante.
Anne Bonny deixou o marido, que era marujo, e seguiu com seu amante, Jack “Chita” Rackham.
O registro musical refere-se à “Balada de Anne Bonny e Mary Read”:

“Suas mãos endurecidas
pelo piche e pelo breu
já tiveram do veludo
a maciez.
Elas levantavam âncora ,
assumiam o comando
e corajosamente subiam
para o topo do mastro...”

Você, que atravessa o Atlântico reclamando porque o passageiro do Airbus que sentou à sua frente deitou o assento mais do que devia, poderia considerar, por um breve instante, o que significaria subir por cordas até o topo de um mastro, a trinta metros sobre o mar em fúria, sem capacetes nem cintos de segurança, lutando contra o vento furioso e ao mesmo tempo tentando manejar a lona de duzentos quilos, a vela que deverá ser retirada ou colocada, manobra sem a qual o barco poderá naufragar. Com chuva a lona costumava pesar o dobro...
Anne Bonny e Mary Read....

Calipso: Jamaica - Trinidad-Tobago.
Música, canto e dança predominantes em Trinidad e Tobago, territórios independentes, porém integrados no Commonwealth britânico.
O calipso é uma das batucadas existentes na região e todas elas são semelhantes às batucadas das senzalas do Brasil colonial.
O calipso evoca os tempos do domínio inglês e retrata a vida do negro e suas histórias: amor, bebedeiras, injustiças, eventos sociais, etc.
No passado era acompanhado pelos sons dos atabaques, chocalhos e reco-recos.
Atualmente, abandonados os tambores tradicionais, deram lugar aos recipientes de gasolina, e formaram as atuais e famosas steel-bands, nas quais, usando varas metálicas, os músicos percutem a parte superior das grandes tambores de 200 litros modificados e afinados. .
As letras são compostas em um dialeto chamado negro-english.

Mento: Jamaica.
Durante os anos quarenta foi o estilo musical mais popular da Jamaica.
Surgiu provavelmente da mistura dos tangos, merengues, rumbas, pascos, sambas e calipsos que levaram para a ilha trabalhadores jamaicanos retornando da América Central e de Trinidad-Tobago.
O gênero dominou a Jamaica até o inicio da segunda guerra mundial.
Existem relativamente poucas gravações do mento original.
Certamente os primeiros sons musicais que Bob Marley (ver reggae) ouviu foram os do mento (afirmação da mãe do cantor já falecido).
Alguns dos intérpretes desse estilo juntaram-se e formaram um conjunto musical chamado “The Jolly Boys”, procurando relembrar o espírito do mento.
Dessa forma reapareceu, nos anos noventa, o ritmo esquecido e as canções que falavam em beber rum e em mulheres encantadoras, temas presentes nas canções dos antigos.

Em 1995 realizou-se em Cáceres, na Espanha, o “Festival Womad”.
O grupo “Jazz-Jamaica” apresentou o mento como um ritmo de vaga origem espanhola.
Para surpresa de todos, casais espanhóis com mais de cinqüenta anos entraram na dança e continuaram até o fim, associando o mento ao passo-doble como era executado nos anos das suas juventudes.
O mento foi parte importante na criação do ska, mistura igualmente decisiva para o aparecimento do reggae.

Reggae: Jamaica.
O reggae é, desde os anos setenta, o ritmo mais conhecido da Jamaica. Bob Marley, cantor de reggae, conseguiu influenciar quase todos os recantos do mundo.
A moderna história musical da Jamaica parece ter começado a partir da segunda guerra mundial e, em quarenta ou cinqüenta anos, ultrapassou as fronteiras do país.
Porém os processos musicais jamaicanos surgiram no final do século dezenove.
Fala-se inglês no país e em Londres sempre existiu uma grande colônia de jamaicanos.
A ilha tornou-se politicamente independente em 1962 e registrou o aparecimento de uma geração urbana de jovens rebeldes Entre eles uma espécie de “filosofia” atuou como elemento de coesão para a maioria dos músicos de maior projeção: a “rastafari”.
Concomitantemente houve o desenvolvimento dos “sound systems” e das “DJ’s”, pequenas discotecas móveis que podiam instalar-se em qualquer lugar.
Surgiu na ilha da Jamaica (situada a alguns quilômetros ao sul de Cuba, no mar do Caribe) uma caótica e desenvolta atividade discográfica.
Enquanto crescia a importante comunidade jamaicana na Inglaterra, confrontava os costumes da terra natal com a nascente atividade musical britânica (rock anglo-saxônico).
Assim sendo, alguns produtores musicais da Jamaica fixaram-se na Inglaterra (por exemplo Chris Blackwell - ver ska) e ajudaram a compor o sincretismo musical responsável pelo aparecimento do ska, ou do raggamuffin e do reggae.
Não deve ser desprezada a influência do rock’n roll britânico no aparecimento do ska e do reggae. Na verdade ela foi importantíssima.
Não fora a excursão jamaicana pela Inglaterra e talvez esses ritmos não tomassem corpo (como ocorreu no caso da primeira onda do ska, tomando a costa oeste norte-americana).
A cantora britânica Amy Winehouse entendeu a participação inglesa na criação do ska, e tratou o gênero com competente patriotismo


Da atual população jamaicana de dois milhões de pessoas, setenta e oito por cento são negros, dezessete por cento são mestiços e apenas cinco por cento são brancos.
Negros procedentes de Gana, treinados militarmente pelos espanhóis, em meados do século dezessete, resistiram à invasão inglesa refugiados nas montanhas e nos lugares mais seguros da ilha.
Formaram os grupos chamados de “maroons”, negros que jamais foram escravizados.
Ainda hoje eles vivem nas montanhas, em comunidades, e celebram cerimônias que conservam e relembram as raízes africanas.
A eles juntaram-se os indivíduos conhecidos com “Bongo Nation”, que adotavam princípios culturais semelhantes, negros livres vindos de Angola e contratados para trabalhar após o fim da escravidão em 1807.
Como aconteceu na ilha de Cuba, as montanhas se tornaram espaços de liberdade, e a música um veículo de comunicação nesses espaços libertários.
A música jamaicana dos negros montanheses não foi influenciada por nenhum outro conceito europeu ou ocidental, conservando sem refinamento a sua pureza original.
Ver mento e ska..
.
Ska Jamaica.
O mento era um gênero musical que dominava a Jamaica.
Alguns homens do marketing musical jamaicano tentaram vender o mento como “a essência do calipso jamaicano” para outros países.
A tentativa fracassou em primeira instância.
Então Hupert Porter, Lord Flea e Joseph “Lord Tamano” Gordon juntaram instrumentos e saíram em turnê pela América Central e costa oeste dos Estados Unidos.
Retomavam assim a iniciativa de introduzir o mento naquelas paragens.
Porém, durante a viagem, ouviram o R & B (rhythm & blues).
Juntaram o mento ao R & B e surgiu uma nova batida, dançante, caracterizada pelo scratch da guitarra.
Era o Ska, cujo maior sucesso aconteceu no final da década de 50 e início da década de 60.
O novo ritmo consolidou-se, a partir do mento, calipso, jazz e rhythm & blues.
E dele surgiram o rocksteady e o reggae.
Os primeiros discos single de Ska, LP’s compactos de 7 polegadas com uma ou duas faixas em cada lado, às vezes em 45 rpm, foram gravados na Jamaica, por Chris Blackwell, pelo tecladista Jerry Dammers, da banda “The Special” e fundador do selo inglês Two-Tone, e Rob “Bucket” Hingley, criador do selo norte-americano Moon (recentemente - 1980 - Moon Ska Records) e da banda “Toasters”.
Assim, o Ska foi popularizado pelos vinis jamaicanos, pela gravadora inglesa Two-Tone e pela gravadora norte-americana Moon.
Contudo, não só de R&B viveu o Ska.
No final dos anos cinqüenta o Ska sofreu influências, além do rythm and blues de Nova Orleans, das Big bands do jazz , e sobretudo pelo boogie de Louis Jordan (um musico que obteve sucesso em 1945, em Nova York, fazendo uma mistura entre o swing e o rythm and blues, ou R&B ).
O concurso do Teatro Ambassador, em Kingstown, na Jamaica, em 1942, juntou o cubano Laurel Aitken (com 15 anos de idade) a outros percussores do Ska como Owen Grey e Jackey Edwards.
(Ver mento e reggae.)
A segunda onda do Ska aconteceu nos anos 70 e 80, quando ingleses do “The Special” e do “Madness” usaram o ritmo para tecer comentários sociais e foram ao topo das paradas.
A terceira onda do Ska ocorreu nos anos 90, marcada pela mistura com o hardcore e o sucesso efêmero e frágil.
Em 2008, Amy Winehouse, cantora britânica que fez sucesso com um estilo baseado na música negra norte-americana dos anos 60, resolveu homenagear o ska.
Lançou um compacto, em vinil, com quatro clássicos daquele estilo musical.
A capa do compacto reprisa fielmente a do 45 rpm da década de 60, produzido pela Two Tone, selo criado pelo tecladista Jerry Dammers, da banda “The Special” e revive o estilo gráfico, em preto e branco.
Amy gravou quatro clássicos: my

1- “Cupid” (ska), Sam Cooke (ídolo do soul).
2- “Monkey man” (ska), Toots & The Maytals.
3- “Hey Little Rich Girl” (ska), The Specials.
4- “You’re Wondering Now”, Andy & Joe.

A cantora faleceu recentemente, e eu ando atrás daquele disco, sem nenhum sucesso até agora.
Criada pelos integrantes dos Toasters na década de 80. a Moon Ska Records produz grupos e canções das tradições jamaicanas e inglesas do ritmo alucinante. Muitos dos exemplos que colocamos abaixo fazem parte do CD “Mestres do Ska” e estão identificados por: (MS)

Exemplos:
Conjuntos estrangeiros: os conjuntos estrangeiros que tocaram o ska gravaram muitos vinis, hoje preciosidades discográficas:
1- “Los Malarians” - conjunto madrileno de ska. Laurel Aitken, nos anos noventa, participava desse grupo.
2- “The Skatalites” - embora o aparecimento das guitarras elétricas tivesse contribuído para a evolução do Ska nas ruas de Kingstown (Capital da ilha da Jamaica), esse conjunto, a partir de 1963 passou a formular seu som a partir de arranjos de sopro, liderados pelo sax tenor Roland Alphonso cubano (1936), ou pelo trombonista jamaicano Rico Rodríguez (1934). Rodríguez, nos finais dos anos setenta tornou-se celebridade, mediante a recuperação do Ska nas ilhas britânicas. A primeira onda do Ska veio desta banda. Contou com o apoio de divulgação de Chris Blackwell, o branco jamaicano que levou discos do seu pequeno selo Blue Mountain para a Inglaterra. Entre os artistas do Blue Moutain estavam também Jimmy Cliff e Bob Marley, que antes de fazer reggae, tocava Ska.
Intérpretes: The Skatalites. LP Greetings From Skamania.
3- “Madness”
Intérpretes: Madness. LP One Step Beyond.
4- “The Specials”
5- “The Toasters”
Intérpretes: The Toasters. LP Let’s Go Bowling.
6- “Bravery” - quinteto nova-iorquino poser que tocava ska. Em 2005 entrou na onda do dance-rock, na esteira do Killers. Ver dance-rock.
7- “The Toasters”- Don’t let the bastards grind you down (MS)
9- “Bad Manners” - Heavy Petting (MS)
10- “Spring Heeled Jack” - Pay same dues (MS)
11- “Magadog” - Less Baltimore (MS)
12- “Skanic” - Closet case (MS)
13- “The Skalars” - High School (MS)
14- “The Scofflaws” - Nude Beach (MS)
15 “-Skavoovie & The Epitones” - Blood red sky (MS)
16- “Mobtown” - Remember (MS)
17- “The blue beats” - Hardest working man (MS)
18- “Dr. ringding & The seniors all stars” - My sound (MS)
19- “Tricia & The Super Sonics” - Wings of a dove (MS)
20- “The porkers” - Goin’ off (MS)
21- “Subtones” - Dias rudes (MS)
22- “Mr. Rude” - Sempre assim (MS)

Conjuntos brasileiros: Conjuntos brasileiros que tocaram ska em algum momento de suas trajetórias:
Paralamas do Sucesso - Skank - Ultraje a Rigor - Titãs - Kid Abelha - Capital Inicial - Charlie Brown Jr. - Engenheiros do Hawai - Legião Urbana - Renato e seus Blue Caps (segue, mais adiante, uma lista em ordem alfabética para ajudar o colecionador).
Comentários: Existe, ou existiu um fanzine só sobre ska e bandas de ska no Brasil. Disco de vinil de ska pode (ou podia) ser encontrado na Galeria do Rock, na avenida São João, em São Paulo (em frente ao Largo Paissandu).
1- “Skamoondongos”
Intérpretes: Brasil. 1995.
2- “Skuba”.
Intérpretes: Curitiba, Brasil. 1996.
3- “Senhor Banana”.
Intérpretes: Brasil. 1994-1996.
4- “Proesso. Antena”.
- “O Médico e a moça” (ska), Professor Antena.
Intérpretes: Professor Antena . Video Clip disponível.
5- “Anjos do Beco”.
Intérpretes: Anjos do Beco. 1997.
Comentário: disco produzido por Bigi, ex-baterista do “Professor Antena”.
6- Várias bandas.
Intérpretes: várias bandas. Paradox. 1997.
7. “Renato e Seus Blues Caps.
“Sham & scandal” (ska), Renato e Seus Blues Caps.
Intérpretes: Renato e Seus Blues Caps. 1965.
8- “Kongo”. Banda unicamente de ska, produzida por Bi Ribeiro, baixista do Paralamas do Sucesso. Durou pouco. A banda era diretamente influenciada pelas bandas inglesas da gravadora inglesa Two-Tone ( Two-Tone pretendia significar que a gravadora era destinada a trabalhar, indiferentemente, com musica branca e musica negra).
Intérpretes: Kongo. LP King Kong
9- “Boi Mamão” (Paraná-Brasil).
Comentário: tocava ska-core.
10- “Maskavo Roots” ( Brasilia, DF).
11- “Paralamas do Sucesso”.

“Meu erro”
(ska), Herbert Vianna.

“Eu quis dizer - você não quis escutar
agora não peça, não me faça promessas.
Eu não quero te ver
nem quero acreditar que vai ser diferente
que tudo mudou (...)”

Intérpretes: Paralamas do Sucesso. Emi-Odeon . LP Passo de Lui (1984).

“Ska” (ska), (Herbert Vianna.

“A vida não é filme
você não entendeu
ninguém foi ao seu quarto quando escureceu
saber o que passava no seu coração (...)”

Intérpretes: Paralamas do Sucesso. Emi-Odeon . LP Passo de Lui.
Ver também: Paralamas do Sucesso: “Cinema Mudo” (1983).

12. - Legião Urbana.
“Depois do Começo”. LP “Que país é este?”

13- Engenheiros do Hawai.
LP - “Longe Demais das Capitais”. 1986.

Relação de bandas brasileiras (SKA) em ordem alfabética:
Abraskabdabra (Curitiba - Paraná).
Aniska (Poços de Caldas - Minas Gerais).
Atomic Nachois (Campinas - São Paulo).
Bois de Gerião (Brasilia DF).
Coquetel de Acapulco (Rio de Janeiro).
Djangos (Rio de Janeiro).
Extra Stout (São Paulo).
Fireburg (São Paulo).
Follow the Egg.
Kin Bassan Orchestra (São Paulo).
Kongo (Rio de Janeiro).
La Bamba (Rio de Janeiro. A banda mais tradicional da época).
Lucky Ska Walker (Santos).
Madame Machado.
Maleducados (São Paulo).
Moveis Coloniais de Acaju (Brasilia DF).
Mr. Rude.
Namoska (Goiás).
Os Baboom.
Paralamas do Sucesso.
Piolho de Frango (São Paulo).
Radio Ilusion (Ceará).
Radio Ska.
Rudeness.
Rusty Machine (Americana-São Paulo).
Sapo Banjo.
$ifrão (Alagoas).
Skamoondongos.
Skambo (Rio de Janeiro).
Skanahall (Maringa-Paraná).
Skarangueijos (Florianopolis - Santa Catarina).
Skarrapatos (Guarulhos - São Paulo).
Skuba.

Ska, o pai do reggae: Em 26/27 e 28 de janeiro de 2006, o Festival Sons de Uma Noite de Verão aconteceu no SESC Pompéia, em São Paulo - Brasil. E juntou uma tribo estranha: terninhos em combinação branco-e-preta e chapéus ao estilo de personagens de cinema, detetivescos, à la Humphrey Bogart. A tribo, era a “rude boy”, uma evocação ao personagem símbolo da onda iniciada nas grandes festas a céu aberto das ruas de Kingston, nos anos 60.
O branco e preto, espécie de tabuleiro de xadrez, era homenagem à gravadora “Two-Tone”.
Kingston, todos sabem, é a capital da Jamaica, cidade construída após a antiga capital , Port-Royal, em 7 de junho de 1692, ter sido totalmente engolida pelo mar, durante um formidável terremoto.
Eu escrevi mil seiscentos e noventa e dois, mesmo!
O festival de ska proposto pelo SESC Pompéia apresentou não só antigos grupos ligados à raiz do ska mas também grupos sul-americanos que gostavam de interpretá-lo à sua moda, com as influências domésticas.
No primeiro caso, estavam “The Slackers”, e no segundo caso, a banda de venezuelanos “Desorden Público”, que acrescentou ritmos do caribe e temas mais próximos da realidade sul-americana.
A mistura do Ska com a Cumbia e o com o Calipso foi uma bem sucedida experiência dos “Desorden Público”
Completaram a apresentação musical os norte-americanos Victor Rice e Chris Murray, além dos nacionais “Móveis Coloniais de Acaju”, “Fireburg”, “Trenchtown Rockers”, “Kongo” (não era a velha banda carioca de Ska, que durou pouco) e “Los Djangos”.

Bob Marley
O pai do reggae escutava o mento, na adolescência. As bandas populares de mento utilizavam instrumentos de taquara e bambu. Até saxofones podiam ser fabricados com estes materiais.
Nossa pesquisa descobriu 6 discos “single”, de 7 polegadas, com uma música em cada face (A e B), gravados por Bob Marley no ritmo Ska Beat:
1
A-“Simmer” (ska beat).
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 186. Produzido por C.S.Dodd. 1965.
B - “Need your love” (ska beat)
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 186. Produzido por C.S.Dodd. 1965.

2
A- “Lonesome Feelings” (saka beat), Livingstone e Marley.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 211. Produzido por C.S.Dodd. 1965. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.
B - “She goes” (ska beat), Marley.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 211. Produzido por C.S.Dodd. 1965. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.

3
A- “Train to Ska-Ville” (ska beat), Dodd.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 226. Produzido por C.S.Dodd. 1965. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.
B - “I made a mistake” (ska beat), Mayfield.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 226. Produzido por C.S.Dodd. 1965. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.

4-
A- “Love & Affection” (ska beat), Livingstone e Marley.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 228. Produzido por C.S.Dodd. 1965. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.
B - “Teenager in Love” (ska beat), Pomus e Shuman.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 228. Produzido por C.S.Dodd. 1965. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.

5
A - “Independent Anniversary Ska - I should have known Better” (ska), Lennon e MacCartney.
Intérpretes: 1. Bob Marley. Island WI 260. Produzido por C.S.Dodd. 1966. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.
B - “Jumbie jamboree” (ska), provavelmente Tosh.
Intérpretes: 1. Bob Marley. Island WI 260. Produzido por C.S.Dodd. 1966. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.

6
A - “Lonesome track” (ska beat), Marley.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 249. Produzido por C.S.Dodd. 1966. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.
B - “Zimmerman” (ska beat), tradicional com arranjo de Livingstone.
Intérpretes: 1. Bob Marley. JB 249. Produzido por C.S.Dodd. 1966. Gravado no Studio 1 - Kingstown - Jamaica.



NOTA: O texto corresponde a capitulo do livro “Caçador das Sonoridades Perdidas, de Coutinho, Larry. 2011.

Larry Coutinho